Você acredita que as Renderizações 3D vieram para somar ou para prejudicar a arquitetura?
Acontece que essa é uma ideia muito comum, ainda. E sua grande maioria com os arquitetos mais antigos, que ainda não abrem mão do lápis e papel para visualizar suas obras.
É aquela famosa discussão entre Tradicional vs Digital, uma diferença de gerações.
Acontece que é uma discussão que sempre acabará na mesma questão: “Por que não juntar o útil ao agradável?”
O Lado Ruim Das Renderizações 3D Realistas Para a Arquitetura
Na abertura de seu último artigo para o The Guardian, Olly Wainwright, estava observando uma série de projetos de tese produzidos pelos melhores e mais brilhantes estudantes do Reino Unido.
Mas Wainwright está mais impressionado – não pela demonstração de habilidade técnica ou imaginação – e sim pela simples falta de conexão que esses projetos tiveram com uma arquitetura imperfeita:
“Muitas vezes, os projetos pareciam querer fugir do mundo real das pessoas e lugares, escala e contexto. Retornando, em vez disso a reinos fantasiosos de formas complicadas, sem nenhum propósito aparente”.
É uma armadilha na qual muitas escolas de arquitetura têm caído, no Reino Unido e em todo o mundo, mas não é apenas um sintoma da natureza equivocada da educação em arquitetura.
Também ocorre por conta da vontade de inovação, o que gera uma uma imagem distante da realidade.
Até Que Ponto As Renderizações 3D São Ruins Para a Arquitetura?
Mais depois do intervalo …
A ideia da imagem arquitetônica perfeita, não é apenas uma propagada feita pelos professores que priorizam a renderização sobre suas implicações práticas (fazendo com que os alunos passem horas aperfeiçoando o visual, ao invés de aperfeiçoar o design). Mas também pela mídia da arquitetura.
A mídia que divulga a arquitetura, apresenta uma enxurrada de imagens brilhantes que “vendem” uma arquitetura idealizada para o público e até para os próprios arquitetos.
Leia também: Checklist Arquiteto de Sucesso – 25 Passos Definitivos Para Criar Apresentações Que Impressionam
Em seu ensaio “Digital Deception”, escrito para o Design Observer, Belmont Freeman lamenta essa obsessão com a imagem perfeita, que se tornou – graças à tecnologia – muito fácil de alcançar:
“Nossos olhos são treinados para acreditar que fotografia é uma representação verdadeira de uma condição existente. Assim, na era digital, a representação gráfica da arquitetura foi além de um exercício de persuasão: tornou-se um exercício de decepção. O arquiteto tem todo o incentivo para se dedicar à dissimulação digital e ao pequeno risco de fazê-lo. O Photoshop e softwares semelhantes se tornaram a farmácia da profissão dos arquitetos, aprimorando seu desempenho. Impossível de detectar e absolutamente onipresente”.
A “decepção” que Freeman pontua é bastante importante. Acredita-se que os arquitetos tenham incorporado essa idealização da imagem, não apenas por causa de sua educação ou influência da mídia, mas também, porque é um ato terapêutico de auto-engano.
Conforme um colaborador da CLOG: Rendering, Wenzel, o real perigo é que:
“A imagem existe independente do conceito, para ser avaliada como um gráfico. Arquitetura por design gráfico” (Wenzel 73).
Em outras palavras, a arquitetura em si é apagada, eclipsada por sua imagem. E isso tem consequências reais. Como Freeman coloca:
“Temo que a proliferação de tais fotografias leve os clientes e o público em geral a esperar da arquitetura e dos arquitetos um grau de qualidade – perfeição – que é impossível entregar no mundo real”.

Então, o que isso significa para a Renderização 3D na Arquitetura?
Renderizações, muitas vezes idealizadas, são necessários para tentar vender a ideia de um projeto a um cliente. Caso em que um pouco de liberdade artística é um mal necessário.
No entanto, uma vez que a ideia é vendida, o que acontece quando uma renderização mais realista, uma que mostre a mais verdadeira possível a aparência do edifício (com unidades de ar condicionado e tudo) é apresentada?
Numa época em que a renderização e a mídia de arquitetura em geral, já estabeleceu expectativas muito mais altas do que a realidade poderia alcançar:
- A renderização realista se tornou inútil?
- Uma renderização estilizada poderia ser ruim para o projeto e ruim para a arquitetura em geral?
- Será que todos nós, assim como, Peter Zumthor, devemos nos manter em relação aos modelos e deixar as representações?
O que você acha? Tudo bem que as renderizações sejam idealizadas para vender um design? É simplesmente errado?
Devemos tentar apresentar a arquitetura da forma mais realista possível, tanto nas imagens quanto nas representações, a fim de eliminar expectativas irrealistas (para clientes e para nós mesmos)? Deixe um comentário logo abaixo! 🙂